quinta-feira, 23 de outubro de 2008

A culpa

Procuro em quem pôr a culpa. Insisto em achar um culpado, para desviar-me de uma culpa que talvez seja só minha, ou não, acho que acabo me maltratando. Sinto-me responsável por tudo o que acontece ao meu redor, como se eu precisasse exercer um certo controle, para que nada fugisse das minhas mãos. É tudo tão complexo. Ter o complexo da culpa, sem ter culpa de nada.
       
{Tanmi}
   
'Não sei qual a minha culpa mas, peço perdão. A luz do farol revelou-os tão rapidamente que não puderam ver. Peço perdão por não ser uma 'estrela' ou o 'mar' ou por não ser alegre... Peço perdão por não saber me dá nem a mim mesma, para me dar desse modo a minha vida se fosse preciso mas, peço de novo perdão, não sei perder minha vida.' {Clarice Lispector}

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Das alegrias passageiras

Meu sorriso é espontâneo e inocente
Parece sorrir como quem diz: 'Depressa, que já estou indo...'
Às vezes sinto que minha alegria é tão passageira
Que nem tenho tempo de me sentir feliz
É como se eu me preparasse para uma nova dor.
     
{Tanmi}
     
'Toda alegria é assim; já vem embrulhada numa tristezinha de papel fino.'
{Millôr Fernandes}
     
'Por detrás da alegria e do riso, pode haver uma natureza vulgar, dura e insensível.
Mas, por detrás do sofrimento, há sempre sofrimento. Ao contrário do prazer , a dor não tem máscara.' {Oscar Wilde}

domingo, 19 de outubro de 2008

Sereníssima

Um dia estarei inerte, imóvel, intocável
Numa barreira entre mim e o mundo
Esse mundo e o outro
Diante de Deus e longe dos homens
Nas nuvens, no céu
Atravessarei o portal
Transportada por coros de anjos
Embalada na música
Flutuando entre notas
Despreocupada, destemida, deszelosa
Numa barreira entre mim e o mundo
Esse mundo e o outro
Mais perto de Deus
Mais perto de mim
Sereníssima
Desde o início até o meu fim!
     
{Tanmi}
       
Viver é um ato que não premeditei. Brotei das trevas. Eu só sou válida para mim mesma. Tenho que viver aos poucos, não dá para viver tudo de uma vez. Nos braços de alguém eu morro toda. Eu me transfi­guro em energia que tem dentro dela o atômico nuclear. Sou o resultado de ter ouvido uma voz quente no pas­sado e de ter descido do trem quase antes dele parar — a pressa é inimiga da perfeição e foi assim que corri para a cidade perdendo logo a estação e a nova par­tida do trem e seu momento privilegiado que desperta espanto tão dolorido que é o apito do trem, que é adeus.
       
{Clarice Lispector}

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

O peso da felicidade

Você já se perguntou se é feliz? Se a sua vida é completa, se os seus dias são satisfatórios... Eu sempre sinto que me falta algo para ser feliz. Se o meu dia foi bom, vou dormir tranquila, se não foi, mal consigo encostar no travesseiro. É impressionante como apenas um fato é capaz de mudar o meu dia completamente. E é dessa sucessão de fatos que eu penso - ou pelo menos pensava - que a felicidade é feita. Acreditava que um dia eu olharia para trás e, vendo a minha vida passar como num filme, pesaria na balança todos os momentos, bons e ruins, para ver quais prevaleceriam. Enfim eu saberia se fui feliz. Mera ilusão! Então seria isso que decidiria toda a busca de uma vida? A resposta é não! A vida - minha, sua ou de quem for - não pode ser pesada numa balança, como se fosse uma mercadoria. O que realmente importa não é a quantidade de momentos felizes ou tristes que você teve em sua vida, mas quais deles tiveram um maior significado. Esse sim é o verdadeiro peso da felicidade, que não se pesa, nem se mede, mas se sente!
   
{Tanmi}
   
'Faça o que for necessário para ser feliz. Mas não se esqueça que a felicidade é um sentimento simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade.'
   
{Mário Quintana}

domingo, 12 de outubro de 2008

Casa de bonecas

Quando ela olha para as fotos, o que sente mais saudade é de sua infância. Época em que não queria ser mais ninguém além de si mesma, mais nada além de feliz e onde a única vida que ela imaginava era a de sua boneca. Mas a boneca deu lugar a menina, que hoje já é quase uma mulher. A casa de bonecas desmoronou, mas ainda está em sua memória, porém é só mera lembrança de uma fase que passou... Quando seu mundo de ilusão deu lugar à realidade.
             
{Tanmi}
       
Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais
       
(...)
       
'Meus oito anos'
Casimiro de Abreu
       
Feliz dia das crianças!

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Toda vez que choro

Choro para lavar a alma, para limpar o que há de ruim por dentro, para espantar os 'fantasmas'. Mas não choro na frente de ninguém... Me sinto fraca, impotente, humana demais e isso me dá medo. Parece que o reflexo do meu interior transborda em líquido. As lágrimas descem ácidas pelo meu rosto. Escorrem deixando cicatrizes. Toda vez que choro, recordo o motivo de cada gota. Previno a possibilidade de novas feridas. Me guardo, me protejo... Mas como eu odeio chorar!
       
{Tanmi}

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Considerações sobre o tempo

O tempo às vezes é se torna o meu pior inimigo. Me faz chorar pelo passado, sofrer no presente e sonhar com um futuro incerto. Depois se faz verdadeiro, me surpreende, e se torna o melhor dos amigos. E me faz chegar ao futuro, ser feliz no presente e esquecer o passado. Mas por ser transitório e mesmo traiçoeiro, vive eternamente comigo, nessa relação de amor e ódio...
       
{Tanmi}

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Sobre portas trancadas

Eu me fecho e tranco a porta. Nunca jogo a chave fora. Sei bem onde ela fica. Mesmo assim, não tiro essa armadura. Fico com e mantenho distância... Presa no meu próprio mundinho. E me iludo, por achar que estou protegida. Nem sempre isso é um escudo, é mais uma prisão. Mas um dia eu destranco a porta. Quem sabe...
       
{Tanmi}

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Insegurança

Eu não sou uma pessoa leve. Minha alma pesa dentro de mim. Parece querer sair. E por ser tão contida parece-me que às vezes, num súbito descontrole emocional interno eu fico fora de mim. Continuo lúcida, mas insatisfeita, talvez com a própria vida.
       
{Tanmi}