terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Despedida

Sempre achei que escrevendo estaria me libertando e me redimindo por coisas não ditas e pensamentos silenciados... Hoje, percebo que para me libertar tenho que parar de escrever - por um tempo - e começar a viver. Tenho que transformar palavra em verbo, pensamento em ação e rever meus conceitos. Devo me despedir dessa vida de distrações mal-elaboradas e me reinventar, agir. Antes me via como um pássaro de asas cortadas preso na gaiola do destino... Hoje sou ave liberta, estou livre. Livre de quê? O que consegui? Não sei bem. Talvez coragem para encarar a realidade de frente sem me deixar abater e seguir.
Maturidade para aceitar o que não posso mudar. E perseverança. Afinal, a vida continua...Tenho muito o que buscar... E para isso me despeço e me liberto.
              
Adeus... À Deus... ou até breve!
       
{Tanmi}
       
'Acordei hoje com tal nostalgia de ser feliz. Eu nunca fui livre na minha vida inteira. Por dentro eu sempre me persegui. Eu me tornei intolerável para mim mesma. Vivo numa dualidade dilacerante. Eu tenho uma aparente liberdade mas estou presa dentro de mim.'
       
{Clarice Lispector}

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Soneto da separação


'De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto
     
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama
     
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente
     
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.'
     
{Vinícius de Moraes}